terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ao Nome da Rosa



Meu amigo, meu antigo amigo,
você se afastou perigosamente de mim.
Meu passado e o nosso presente
dialogam com um ar de soberba ruim.
É engraçado! Sempre foi tão simples falar com você,
mas agora a única coisa que quero é seu rosto esquecer.

Meu abrigo, meu dileto amigo,
sempre foi a certeza de algo entre nós leal.
Meu pedido é que agora sejamos
ninguém para o outro de forma forte, real.
É engraçado! Sempre parece ruim quando nos perdemos,
mas agora me alegra tanto estar longe - de nós nos esquecemos.

Meu amigo, minha amiga antiga,
você mentiu tanto para si que esqueceu
que nem toda mentira pode ser eterna,
nem que tudo pode sumir com um tolo adeus.
É engraçado! No céu existe algo que me lembra seu sorriso,
mas há tanto tempo não o vejo que me parece algo perdido.

Agora você se afasta de mim como um vento qualquer
e, de onde estou, vejo ir embora apenas um ser qualquer,
desbotado e com traços diferentes do que um dia foi você,
perdido nos novos amigos que sua fragilidade foi tecer.
Uma flor que se fecha ou uma janela cerrada também,
deste modo vejo por entre as memórias um alguém
que certa vez foi especial para mim, mas que perdeu
todo o encantamento que um dia minh'alma, tola, deu.

É engraçado, já que era tão fácil para mim estar com você.
É engraçado como tudo mudou em mim e em você...
Meu amigo, minha antiga amiga, você me deixou por dias melhores
e eu sei que o vento e o tempo comem as lembranças ferozes
por desocupar o espaço ocupado por mim outrora -
espaço novo para as lembranças de agora!



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Abrigo de mim


Coisas quebradas espalhadas em mim
cantam o final de mais um romance.
Algo na minha cama me afasta de ti,
algo em ti me afastou de ti e de mim.
Como teria te amado com verdade,
se algo em ti me afastava de mim, querido?

Coisas quebradas jogadas pelas janelas
em mil pedaços do que um dia eu fui,
cantam a verdade que eu nunca de fato
te amei como tu me amaste, anjinho tímido.
Como teria eu te amado em castidade,
se algo em mim sempre queria ter novo abrigo?

Ajudei-te a achar os sinais de meus desejos,
olhando por janelas abertas por outros
e desejadas por alguns como puro tesouro.
Esperei-te achar o ponto de benfazejo,
mas, aos poucos, eu ia te matando em mim
para, aos poucos, ir sentindo a dor do fim...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Grande Fábrica ( Nova Moeda)



A grande indústria te pede comodities para sua fornalha.
Teu patrão manda coisas sem sentido - aquele canalha!
Podemos parar nosso amor
e começarmos a pensar no que passou -
eu sei que você pode ser mais!
Mas agora quero continuar a trabalhar e toda esta firma
com meu suor sanguíneo alimentar - isto é o que você sempre afirma!

Patrão, proletariado, mesa de assalariado
em nosso pão de cada dia!
Jargão, técnicos vestidos, algo arrumado
em nossa visão de algo sem mais-valia!

A grande dona pede coisas para que nosso mundo ande.
Eu sei que temos de ser mais que amigos - algo de amante!
Podemos parar nosso amor
e começarmos a pensar no que restou -
eu sabia que você tinha algo assim!
No fim quero continuar a trabalhar e toda esta vida
com meu suor e sangue transformar - diz o letreiro da padaria!

Patrão, proletário, mesa do armário
em nosso salão de bilhar.
Há algo novo no meu ser, no meu salário
e eu quero contigo morrer
até a nova moeda chegar,
até a nova moeda chegar,
até a nova moeda em mim se firmar...




sábado, 7 de janeiro de 2012

Barbie Face


Cirurgia Plástica em prazos pra se comprar.
Dinheiros e moedas estrangeiras em mim.
Tenho desculpas para ti, mas não as vou dar!
Tenho culpas para sentir, mas isso não é de mim!

Sujo, cujo luxo escuso é meu!
Sujo o luxo cujo destino é teu!
Quero dinheiros para meu prazer hedônico,
quero viajar no mundo e não ser lacônico.
Sujo e escuso serei
com este eu-mentira que criei!

Roupas de marca elevada sem ter como as pagar.
Primeiro vem meu prazer próprio depois nada mais!
Eu gosto de uma boa festa pagã para tudo gastar
e tirar a dor que este vazio de tempos em tempos me traz!

Puro, cujo luxo escuro não é seu!
Sujo, cujo escuro é o luxo meu!
Espero o primeiro para meu prazer hedônico,
quero ter certeza deste amor platônico,
cujo sujo serei eu,
aquele ao qual alma Deus não deu!

Na meia noite de Fortaleza,
eu posso ser educado e te dizer coisas delicadas,
mas algo em mim é esperteza:
digo que tu tenhas sempre as mãos preparadas,
que penso cem vezes em mim antes de te amar
e mais mil antes de te meu amor eu um dia te dar!