terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Em mim Carnaval



Fadas verdes dançando,
homens-mulheres e algo além,
uma festa inventada ou um
beijo perdido pedido por ninguém.

Liguei as luzes do meu olhar
e me encantei com os lampejos
que de teu sorriso brotaram:
uma nebulosa linda de beijos.

Um lugar assim eu podia ter criado
e nele com grades ter te cercado...
Num lugar assim eu podia ter morrido
em ti e ainda seria feliz pelo ocorrido...

Chega a certeza de tua sombra
e no quarto uma luz me lembra
duma festa inventado ou criada
para afastar de mim esta tormenta.

Liguei as luzes do meu coração
e me encantei com as figuras
que eu criei para teu sono velar:
antes teu quarto, agora sepultura.

Um amor assim eu podia ter criado
e nele com grandes lajes ter me aprisionado...
Num lugar assim eu podia ter me perdido
e nele ia morrer sem ver o sol nascer de ouro tingido...

Em mim é Carnaval.
Em mim é Carnaval,
mas em ti algo é sinal
de que sempre fui apenas
algo reles e todo banal...
Mas em mim ainda é Carnaval...


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Cerco à NatalCity



-Extra, Extra, polícia, eu liguei pra avisar:
             a assassina de laranja e cúmplices tão em Natal.
Vieram de Fortaleza apenas pra acabar
             com a paz e fundar u'a nova igreja Pentencostal.

Ela usa roupas cores de laranja, cítricas, num sei o quê.
Fala alto e usa alpargatas que nem sabia que tinha pra vender.
Venham logo e tragam reforços em nossa prol,
que a assassina veio cheia de pílula de paracetamol!

Dizem que ela veio de Fortaleza qual cangaceira,
cheia de roupas d'algodão e trazendo uma peixeira!
Não é que ela seja ruim, mas tenho medo de perguntar
se ela veio aqui ver nossas belezas ou me matar!

Ela traz uns comparsas estranhos para nos botar medo:
um que faz mungangos cas mãos e que falo lig'ero;
outro todo magrinho e de olhar viperino e de abuso - 
me mete medo saber que posso tá nim apuro!

Agora eles tão contando o dinheiro, meu senhor da polícia!
Saber que eles querem de mim era apenas o que queria.
Será que eles querem pagar as linguiças ou não?
Quem saberia a resposta de tão vil questão?

E começa ela a falar alto e me mete medo d'ouvir!
E começa ela e vir falar comigo! - eu acho que me f#@i!
- quanto deu?(diz ela) - é por conta da casa, senhora!
(penso: e o que será de mim? Que fará ela agora?)

Pois tá bom! - é o que ela diz para mim..
E segue com os outros dois num caminhar
suspeito e maligno do começo ao fim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Por entre tantos garotos e garotas apenas você



O que eles não querem, eu quero demais -
sua sinceridade e algo viperino em si!
Eu quero perder minha sanidade, minha paz
e encontrá-las perdidas ao você sorrir.
Acho que escrevemos uma história ruim,
onde o final é o começo, e o início, o fim.
Uma história cheia de atores desimportantes,
alguns com vergas enormes e outros pudicos,
algumas com caras idiotas e outros tantos amantes,
alguns amigos juntados e outros tantos perdidos,
mas eu quero me envenenar no seio de nosso amor,
longe das conjunções da carne ou do que for!

Picado eu fui por seu ferrão,
e agora, menina-escorpião,
que de mim será
se um dia eu acordar
e apenas em Natal for te achar?

Nada mais doce que o fel de ser seu serviçal.
Esta senhora doce como a mais pura jasmim
e austera consigo e com os outros num tom judicial!
Não posso suportar a ideia de viver longe assim...
Acho que escrevemos uma terrível história,
cheia de brigas e ornada com ouro e glória.
Um conto cheio de símbolos do Sertão e da Europa,
pintado com traços armoriais e coroado de verdade,
algo sempre singelo mais sem perder a veia jocosa
que nasceu de nossa narcísica e sanguínea amizade.
Eu apenas quero me envenenar no seio de nosso amor
e morrer pegando fogo dum jeito que nunca alguém queimou!

Sertão em chamas!
Ser tão assim, tão igual
é algo sem tramas,
desenho vívido, surreal!
Querer seu drama
e saber que é assim.
Desejar sua fama,
mesmo que longe de mim!

Picado eu fui por seu ferrão,
e agora, menina-escorpião,
que de mim será
se um dia eu acordar
e apenas em Natal for te achar?

Disco Gisa



Tome um tempo pra si, honey,
você terá caminhos longos a fazer.
O cúpido e outras coisas, honey,
podem sempre com a gente se entreter,
mas estamos na mesma onda
e eu sei que você mesmo caída ainda apronta.
Oh a última vez é sempre a primeira despedida
e eu e você ainda nos veremos na saída!

É cedo para pensar que terminou, little honey!
É cedo para sentir calor - se abane, se abane!
Nas esquinas e batentes da vida vai haver tempo
para nosso infindável e afável descaramento!

A bola da boite gira e leva
o mundo tolo com seus rodopios.
Há algo em mim e em você
maior - chega me abafam uns arrepios!
Nós estamos no mesmo furdunço
e eu sei que a gente se acha de novo pelo mundo.
Oh eu sei que se despedir é chato e ruim,
mas até isso fica bom com seu batom vermelho-carmim.

É cedo para pensar que tudo foi feito, mademoiselle!
Onde você estiver haverá alguém que a seu jeito venere.
E nas esquinas de Natal, de Paris ou Moraújo
sempre haverá um Deivide para ser seu marujo.

Como escorpião, andarilho do deserto,
eu sei que vai cansar ir sem ninguém para longe,
que vai doer sentir saudades, mas eu acho
que você consegue ser forte por entre este dejeto!
Como escorpiana, do Alto Sertão guerrilheira,
vai haver momentos para chorar e noites
para de amenidades tolas se recordar, mas ainda
acho que nada vai parar minha menina-guerreira!



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Meu cotoco pra você!


Mamãe, mamãe,
tenha pena de mim!
Mamãe, mamãe,
seu filho é vil e ruim!

Um menino mau e per se viperino.
Algo entre agre-doce e malino.
Absurdamente tolerante consigo,
mas como amante certeiro perigo.
Tez de clara aversão solar
e um humor terrível a falar.
Um menino mau e inseguro de si,
um menino, uma nau sempre a partir.

Mamãe, mamãe,
tenha pena de mim!
Mamãe, mamãe,
seu filho é vil e ruim!

Não se importa com o que dele falam,
inclusive sempre diz: cachorros ladram!
Um desenho e um sorriso delicado,
mas em si um veneno simples e complicado.
Tez de clara aversão social
e um humor terrível, anti-tudo, parcial!
Um menino mau, mal sabe ele do mundo,
apesar de beber a vida num copo fundo.

Um menino ruim, mamãe,
é o que eu sou!
E nada em mim, mamãe,
continua igual, nunca mudou!

Degenerado,
prostituído e não pago.
Nerd transculturalmente
entendido sigo meu caminho
e - sem querer seu carinho -
sou ruim comigo mesmo, baby!
Decapitei meus ícones
e meu heróis... Eu os comi no jantar!
Eu sou uma criatura ruim
e de todos não quero graça,
apenas digo: mamãe, tenha pena de mim!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

2-B



Crianças brincavam todas juntas
quando eu em mim notei a diferença.
Algo estranho e terrivelmente certeiro
me dava uma nova experiência.
Eu apenas queria ser o que eu era,
queria poder viver e quem dera
ser feliz pelo que eu realmente sou,
viver a vida que o destino me outorgou.
Mas os pais e seus desejos próprios,
a família e seus quereres inglórios,
me afastaram do que fui eu um dia,
tornando agre minha então doce alegria.

Às vezes fingi viver uma mentira,
cortando meus pulsos à cama sexual,
criando coisas para crer e realidades
de cunho puramente falso, não natural.
Eu apenas queria ser o que eu desejava ser,
viver a certeza da finitude da vida e beber
a seiva do mal até o final. Tive devaneios
duma vida sem amarras e sem receios,
Mas os pais e seus desejos terríveis
fizeram dos meus dias longos e horríveis,
onde me tornei algo entre deus e o diabo,
algo sem fé e de receios autoprotetivos privado.

Apenas ser o que sou no correr dos dias
e ser eu mesmo todo tempo e viver com isso.
Sendo terrível ou não, ser autêntico é preciso!
Sendo terrível ou não, ser você mesmo é preciso!
Apenas ser o que eu sou e viver a vida sem fé,
sem precisar de aportes de Deus ou coisa qualquer!
Viver a vida sendo fiel a mim mesmo
é o que eu preciso, é o que de mim desejo!


Um Drink na Via Láctea



Alguma boa aparência.
Alguma dileta experiência.
Basta me ligar para eu te atender
e na ligação serei eu teu prazer!

Vou me lavar porque sou suja,
vou me lavar para te experimentar,
vou me lavar e toda nua
hei de aos céus te elevar!

Eles me chamarão de vazio e sem dignidade,
mas não adianta falar com soberba ou falsidade,
já que todo mundo se vende - e a maioria sem cobrar!

Alguma alma caridosa
em mim diz, desdenhosa,
que teu drink lácteo beberei,
mas ainda é cedo - não sei, não sei!

Vou eu me lavar porque sou suja,
vou eu me lavar para te encontrar,
vou me lavar porque sou puta
e algo em mim pode te contaminar!!

Eles me chamarão de oco e sem elegância,
mas quem liga? - e quem lhes oferece importância?
O mundo quer s'iludir - vamos uma mentira fabricar!