domingo, 13 de maio de 2012

Puk Puk Poema



Uma longa jornada entre mim e o futuro.
Algo posto por alguém além de mim,
além de meu conhecimento. Estruturado
por entre estradas de ferros e asfalta puro
com uma arma de fogo abro meu caminho,
por entre chamas de terror e sonhos perdidos,
mas existe algo em mim que me joga
além de mim mesmo...
É estranho caminhar por toda esta estrada
com um sapato sem salto alto ou uma sacola
de plástico para esconder minha face rubra
de tanto sol eu beber. Descendo a escada
e pisando em falso os degraus de minha tola aptidão,
tecendo chamas no meu amor desbotado pelo fogão,
mas existe algo na minha vida que joga
meu nome na contramão...

Carta para meu eu perdido por tantos eus iguais.
Cartas de descrição a seguir! Tanto doer, tanto perder
que eu nem sei onde me fui achar aqui sem paz...

sábado, 12 de maio de 2012

Uma Mulher Cheia De Sangue E Não É Da Menstruação


Pulsos  no seu trajeto carmim
por entre o tecido branco
feito de linho nobre, de cetim.
Depois de morrermos juntos e tentarmos viver sozinhos,
eu vou me eleger suserano do teu amor e com meu carinho
hei de te fazer lindo e meu senhor!

Não há nada para chorar por nós.
Não há nada para contar e, a sós,
cada um no seu peito o outro foi matar!
Ah...

Amor e outras drogas similares
numa dose só e com força
feroz a corroer nossos tristes olhares.
Depois de tantos momentos de paixão e tesão vividos com prazer,
eu ponho minha mão no teu caixão e sinto tua língua a me lamber!
Hei de fazer em mim uma inquisição!

Não há nada pelo que matar ou morrer!
Não há nada que eu possa mais dizer,
já que meu sangue já cansou de pelo tecido vazar!
Ah...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Como Uma Mulher de Utopia



Acordar o dia
sem saber o que esperar.
Seguir pelo caminho,
pela via sem nunca exitar.
Calado e falando comigo mesmo,
eu sigo sonhando em ser perfeito,
mas tanto dói o choro esconder!
Tanto que dói sempre tão forte ser!
Caindo de meus devaneios,
mas eu já tenho no que sonhar!
Minha casa, minha Utopia
no meu mundo hei de desabrochar...

Num unicórnio
cor de loucura eu fui me perder.
Seguindo a seta nua
que pela estrada um dia fui viver.
Calado, fanático por uma igualdade qualquer,
sigo matando minha voz na sombra da fé,
mas dói tanto tantas vezes cair sozinho!
Logo agora que sou de mim tão mesquinho.
Criando novos devaneios
para minha vida algum sentido dar.
Minha casa, minha doce Utopia
no meu mundo finito e tolo hei de fundar...

Morto em minha corrupção,
algo renascido numa nova composição,
hei de fundar em mim algo novo,
uma nova contradição.
Perto de minha alma caída pelos tiros,
algo morto em minha certeza, sigo perdido,
buscando sempre uma nova oração;
não pra Deus, mas para ser sempre meu melhor amigo.

Utopia, Utopia, Utopia,
eu vou fazer uma casa perto!
Morar tão belo sonho!
Como eu queria!

domingo, 6 de maio de 2012

Uma Medicina Menos Médica, Mais Humana


Hoje não é dia de fazer poemas e perder tempo com rimas tolas e vazias. Hoje quero deixar aqui neste pedaço de mim o quanto fico feliz em ter escolhido a Medicina. Não por este falar tolo de ela ser um sacerdócio ou por qualquer outra futilidade símile, mas pelo fato de ter me sentido feliz por fazer parte do cuidado de pessoas tão especiais como as que conheci, os chamados pacientes.
De certo que neste intervalo de cinco meses, tratei de pessoas consideradas vis pela sociedade, pessoas que têm comportamentos considerados ruins por nosso mundo de humanos desumanos, mas, mesmo assim, nada como aprender tanto com elas, como amá-las por terem sido tão generosas com minha formação, como tê-las em minha mente qual pessoas de extrema importância para o ser que venho me tornando a cada dia.
O silêncio deles, o choro contido ou o choro extravasado por entre as palavras, o medo nos seus olhares e a forma doce ou o arredio de em mim confiar, tudo isso me mostrou tanto sobre o que é ser humano, sobre a pobreza de nossas certezas e de como somos tolos e tênues em nossa profundidade.
Às vezes, quase sempre, os colegas de estudo e os médicos já formados dirigem seu olhar para mim com um ar de reprovação, de nojo pela minha forma de falar, de me expressar e de como levo minha vida e de minhas posições esquerdistas, mas nunca um paciente me reprovou, nunca disse algo sobre a forma de eu falar ou de me expressar. Isso que me motiva a ser o que sou, a ser este estranho no meio do Poder Médico, de toda a indústria de sofrimento e de rechaço que se arregimentou nos comportamentos da maioria daqueles que ganharam o título de formados em medicina.
Eu não quero a aprovação de um neurologista, de um sanitarista ou de qualquer um que tenha título de qualquer área do saber médico; quero a aprovação da Juju, da SACs, das pessoas que considero ícones desta Medicina Social, deste saber humano humanizado; não da tecnocracia insensibilizante que se fundou nas escolas médicas.
Eu quero poder chorar com meu paciente, poder abraçá-lo quando ele precisa, poder brincar com ele quando ele deixar, quero saber do gato dele que é virgem ou da cadela que ele cria que é lésbica, eu quero ter um amigo e ajudá-lo a melhorar. Eu não quero ser como os que vivem por aí, como os que olham para um leito e miram nele apenas um ser que ele deve salvar, numa atitude salvacionista. Ninguém precisa de salvação! A gente quer ser escutado, quer ter poder de escolha, quer mandar em nosso destino!
No fim, odeio fazer textos apologéticos para a Medicina, mas tive de me expressar pelos acontecimentos edificantes que este ano tem me trazido e de todas as pessoas boas e exemplares que venho conhecendo.