segunda-feira, 29 de julho de 2013

Mucosa Jugal



Caindo como fogo-fátuo,
temendo nada, árduo,
sigo pisando em vidro quente!
Eu digo que de fato
não existe motivo,
razão ou porquê pra ser amado.
Ferindo os dedos da mão
com fogo e febre
de uma sífilis sem solução!
Noite, sabes tu sentir minha paixão?
Noite, sabes tu sentir minha paixão?
Noite, sabes tu?
Perfazendo círculos denteados,
eu te mordo molhado.
Tocando na ferida, úlcera sangrante,
de tua mordida fatal,
eu apenas sinto teus flagelos,
eu sinto teus flagelos na minha mucosa jugal.
Noite, eu preciso te fumar até o final!
Noite, eu preciso te fumar até o final!
Posso assim tão mal?

Fecho meus olhos, mão a me tocar.
Os motivos da parede lembram estrelas a rodopiar,
rodopiar, rodopiar...
Eu temo um novo sabor para chamar de meu
e calo diante de um olhar sem medo de provocar.
Fujo dos nomes comuns mas não consegui fingir
por muito tempo que era bom estar ali.
Sartre não pode me entender sem álcool assaz
para tirar de mim a curva solene da paz, da paz!

sábado, 27 de julho de 2013

Dançando Conforme O Termidor ( No Silêncio Do Barulho)



Tudo jaz a rodar
e eu não consigo perceber
as luzes dentro da casa.
Tocam sua música,
mas eu não posso abrir
os olhos e não ver você lá.
Pessoas tocam o
meu rosto, não entendo
como não notam que não estou ali.
Os lugares têm um
cheiro tão diferente sem você
perfumando o silêncio do barulho.
Julho, Julho, não podia passar sem deixar você longe de mim!?
Juro que não é muito pedir para um Termidor mais ameno!
E eu sei que não existe remédio,
não existe terapia para meu deslumbramento,
mas eu quero fechar os olhos e ver você ali me beijando.

Fumaça pelos cantos,
meus dedos tocando o vapor
do mal que o cigarro exala.
Fechando os olhos,
sinto todos os movimentos
e não reconheço você ali.
Os dedos tocando a tela,
e eu tocando o seu sono
com meu grito de saudade,
mas é tão patético ficar assim,
que não cabe na noite
todo medo de ficar ali.
Junho e Julho sempre me terrificando com devaneios de paixão!
É muito pedir um Termidor sem tantas despedidas?
E eu sei que não existe terapia,
não existe solução para minha fantasia,
mas eu quero fechar os olhos e ver você ali me beijando.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Ode Ao Silêncio



Uma pausa na respiração,
um olhar perdido, uma volta de cabeça
e um olho-no-olho. Silêncio.
Eu notei algum lampejo na sua visão.
Eu tive de ficar calado e
ver você tomando sua decisão.

Todos temos pequenos instintos
e formas menores de palpite. Eu já sabia.
Frases não ditas por inteiro. Dores
silenciadas em reticências sem fim. Fingindo
ser normal, eu vi tudo ocorrer diante
de mim, mesmo cada vogal doendo, ferindo.

Vivendo tempos esquecidos,
vendo heróis partindo para guerra,
deixando o tempo correr por entre,
calando e ficando silente.
Eu não precisava nada mais do que você
sob a luz da Lua e com un petit de Français

Não é orgulho nem egoísmo ficar calado,
mas é tão estranho ter sido tão
doloroso ver você ali tão por outrem apaixonado.
Eu não precisava nada mais do que você
sob a luz da Lua e com un petit de Français

Talvez eu não quisesse ter saído dali,
mas eu não podia ficar parado
vendo você de todo nosso círculo fugir.
E agora eu notei que todos meus heróis
e soldados estavam mortos:
pelos rios as labaredas, os corpos...

Eu não precisava nada mais do que você
sob a luz da Lua e com un petit de Français
Eu não precisava nada mais do que você
sob a luz da Lua e com un petit de Français


terça-feira, 23 de julho de 2013

Retalhos Na Parede Picotada




Eu picotei fotos antigas
e as colei na parede.
Eu cortei pedaços de mim,
trejeitos perdidos,
amores comprados e outros
brinquedos de não sei o quê
e colei, colei na porta de entrada.
Eu vendi minha alma para tentar ficar mais limpo de mim,
tentei cortar os pulsos mas não saiu sangue ao fim.

Ela tocou os ombros e disse
algo que não consigo
entender o motivo certo,
mas ela deixou um passado
e foi embora sem dizer adeus,
deixou tudo aqui e foi embora
bem quando eu ia dizer que...
Eu vendi minha alma para amenizar os sofrimentos vãos,
mas todo sentimento é tolo, é parco, do amor à paixão.

Ela roubou minha alma e foi embora!
Ó ela fez isso comigo, e não importa
mais o que eu faça agora,
porque ela levou, ela levou, ela levou
minha alma embora agora, e não importa
o que eu diga, o que eu conte a mais -
não importa!

Eu acreditei no que ele me disse.
Deixei que colasse coisas em mim,
mas ninguém nunca sabe o que será.
Ele tomou minha cola e colou algo
estranho na porta da minha casa.
Eu tentei tomar de volta tudo o que perdi,
mas ele foi embora com ela antes de...
Eu vi coisas caírem então e eu não calei a boca, não,
mas na profundeza de minha luz, sempre escuridão.

Ela me disse coisas de amor
e de beleza e eu a vi pela janela,
mas qual caminho tomar? Qual?
Eu queria saber onde perdi
minha alma, onde perdi a calma?
Ó eu sei que ela levou consigo
toda forma de paz e de leveza em...
Ó e eu vendi minha alma para comprar um novo telefone,
mas minha conta não aceitou, ela não estava nem no meu nome.

Profundamente, dentro das portas,
ninguém sabe ao certo que caminho tomar.
Será que eu terei como tocar
as coisas que tu quebraste quando saiu?
Eu queria tomar tudo de volta,
mas eu deixo partir com as portas, com as portas...

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Meus Olhos Castanhos




Quebrando coisas depois que você partiu.
Esperando algo novo de mim, mas (que surpresa!)
eu continuo andando, seguindo, olhando
para um olhar que para longe de mim fugiu.

Quebrados os sonhos e tudo aquilo que eu fiz
por motivos que não entendi, por motivos estranhos.
E eu queria apenas ver você por meus olhos castanhos...

Queria ter ajuda para saber tudo que preciso.
Caindo pelas paredes, batendo a testa no castelo
que eu vi você construir de tão puro e belo desejo,
para me sentir tão seguro, tão em você protegido.

Querendo sonhos e tudo o que eu deixei ir.
Vendo tudo isso escorrer em meus prantos.
Desejei apenas ver você por meus olhos castanhos....

Agora eu vejo que não nos queríamos do mesmo jeito.
E o jeito que eu vejo você partir não me agrada,
mas é o jeito deixar você ir pela estrada.
Não, não, não é do mesmo jeito que nos víamos!
É ruim ver você ir embora, me sentir tão tacanho,
olhar no espelho e não ver seu olhar em meus olhos castanhos...



terça-feira, 16 de julho de 2013

Café Com Leite



O vento traz palavras ditas
num tempo anterior.
Eu não as toco mais,
as vejo feitas em amor.

A Lua tanto que amou nos ver ali.
A Lua passou por nós, encantada, a sorrir.

Por entre tudo dito antes,
medos calados, entrega.
Eu não vejo sair de mim.
Parado, sigo na espera.

A Lua nos amou e eu amei também.
Ao Sol a Noite faz sempre algum bem.

Ao final, íntimos, ínfimos,
sentindo o toque da mão.
Não vejo mais, eu não vejo
mais teu rosto na escuridão.

domingo, 14 de julho de 2013

Proximidades




Tão perto,
calado, singelo,
ficamos ali.
Pensei em antes.
Pelas janelas, amantes
não estavam ali.

Andei todo este tempo tão sozinho e não foi tolo querer voar para longe,
voar para longe, onde não se podia ver morro, terraço ou monte.

Não importa
se tudo foi embora
como sempre foi.
Sozinho sempre,
eu senti a gente
se desfazer depois.

Falhei em amar logo: não há pecado pior debaixo da linha do Equador,
mas pelas janelas cerradas eu sinto um cheiro doce do que passou.

Próximos encantamentos, próximos cheiros e beijos...
Talvez seja este o meu jeito
de mentir algo que eu não sei de fato onde começou.

domingo, 7 de julho de 2013

O Churro Hilst



É um tanto quanto estranho
querer algo sempre tão doce assim.
Morder entre lábios, pelo canto
sentir o doce de leite escorrer.
Não seja mais um churro tão difícil de se achar!
Eu quero algum grande para morder - me saciar!

Eu consigo morder todo o tamanho
mesmo doendo no palato.
Eu preciso de algo doce e castanho
para comer no almoço, desjejum e jantar.
Não deixe escorrer o líquido pelos cantos, baby!
Eu quero ficar perto do churro e tomar o deleite!

Eu acho tão sexy e apreciável algo tão doce assim.
Eu talvez tenha tanto a pagar mas não é caro para mim!
Um churro tão gostoso de morder e comprar
não deve ser deixado de lado sem um beijo leitoso pra acariciar
o ego do dono! O ego do dono!
É um doce churro este que como!

Na última noite, eu pensei em algo físico
para explicar o desejo fatal que se sente
por um obelisco tão palpável e rígido
como o que eu vejo tão rijo na minha mente.
É tão sexy viver com você!
É tão sexy sentir seu açúcar aqui
na minha pele! Tão cult é você
que é estranho não querer.


Manifesto Pirikitista



Uni-vos, todos vós,
que vestidos de vermelho,
com penas de revolução
pintam o rosto c'um Mac!
Uni-vos, todos vós,
que vestidos como Padres
pintaram de azul-celeste
as paragens do Sacro-Império d'Sertão!

Ó o papagaísmo prefrentista de tantos intelectuais(?)
dança como senhoritas nuas pelos bosques do Planalto Central!
Ó o ludismo, lulismo, petismo cubista dos que não sabem
que(m) foi o que tanto dizem - Queimem! Calem! Matem!
Vamos falar de temas sociais!(Oh yeah, guy!)
Vamos pintar tudo com temas sociais!(Ô ô PaPai!)
Mas o que sabemos nós do social?
Vamos pintar a cara de pavão!(mistério, misterioso em canção...)
Vamos ser cult, highcults; não simplórios!
Vamos cantar Chico Buarque
e vamos falar de Piaget, Darcy Ribeiro,
mas não se importe com o primeiro
que perguntar sobre eles:
basta chamar de reducionista,
de porco pequeno-burguês,
elite, tucanista, vil e terrível capitalista!

Nós somos os papagaios que não sabem o que dizer,
somos filhos do devaneio urss-ista de alguma nova Revolução,
mas não importa se não sabemos quem foi Bakkunin,
não importa nunca o "intemezzo", apenas importa o fim!

Ó o pirikitismo de uma ditadura da opinião com tons vermelhos
e algum charuto para fumar. Territórios antigos com sapatos
novos para que pensem (eles) que nunca foram por ali passar!
Viva a Revolução! Comunismo é a Solução! (mas do meu Iphone tire a mão!!!!)
Vamos ouvir Maria Bethânia(GaGa não pode, não!)
e debulhar as lágrimas dos pobres!(Mozart é contramão!)
Talvez um novo funeral
para algum antigo lavrador(Ars Poetica é elitizado!)
mas não se importe se questionados
formos sobre nossas leituras,
porque ser intelectual no Brasil
é apenas citar coisas sociais e ter
sempre algum veneno mirado contra a elite
(nunca deixem levar o teu tênis de grife!)

N-n-nós somos os papagaios da Revolução, my dear lover!
Não importa se antes nunca lemos nada sobre o Piaget ou R. Duprat,
sobre música popular e coisas que eles amam nos ouvir falar!
Apenas queira ir para Afrika e tenha planos de uma nova manifestação!

Debaixo do escudo do mensalão e do bolsa família,
vamos deixar todos escravos com o pirikitista pão!
Não importa se vamos quebrar o país com tamanha arrumação,
mas temos de sempre falar da linha da pobreza
e sempre chamar os críticos de elite - com certeza!
E eu não queria mesmo viajar para Paris ou conhecer
algum novo Aiatolá, mas é tudo em nome da Revolução!
Vamos dizer que tudo é novo e que nada é antigo,
pintando-nos dum tom social que isso agrada intelectual!
E vamos culpar a Imprensa, criar nela um inimigo interessante,
mas vamos pagar as dívidas dela também( porque novela é viciante!)

Eu sou o seu amor e você é meu tutor!
(Oh baby, my body needs your P.T.!)
Eu sou o seu amor e eu desejo tudo sem pudor!
(Oh honey, I luv to be there, in Alcacer-Quibir!)

Ó ó ó meu pirikitismo afaga o ego
e desata algum novo protesto! - vamos derrubar o Facebook!
Ó ó ó eu sou lulista, petista, pirikitista
e nada é mais lindo que a Cuba Comunista! - não faça isso co'meu MacBook!
Mas eu digo e repito não toquem no meu charuto, não!
Não toquem no meu Iphone - em nome da Revolução!
Eu quero ser um novo Al Capone e vou beber na teta da Nação!
E se disserem algo de mim ( Tucanismo!)
vou chamá-los de filhos e filhas podres de Eva e Adão!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quatro de Julho de 2013


Cerveja derramada
por debaixo da camisa,
ora inteira, ora rasgada.
Amigos juntos amam mais
do que inimigos órfãos
de um segredo, sem paz.

Sujos pelo lençol preto
caindo pelos lados, seguindo
em contrição,em segredo.
Não é sagrado nem profano
ficar calado, orando por
um amor tão forte, tão humano.

Numa quinta sem feira na rua,
corremos pelo mundo
e ficamos pérvios, nus, nua.
Não é ruim ter namorados ali
por entre o vento que corta,
por entre Fujiyama ou Fidji.

Dormir de calça vermelho-couro,
negras, brancos, pelados,
e ficar sorrindo como tolos, loucos
pela noite redonda a girar, a girar,
por entre devaneios tolos,
silêncios, beijos, mordidas a gritar.