Eletronicamente programado para dizer adeus
e com chips de silicato para chamar de meus,
sigo neutro no correr dos dias,
sigo apático - e veja só quem diria!
Ache-me num piano solando qualquer
ou me reencontre em Juazeiro, num Auto de Fé!
Estarei sempre perto da destruição
e sempre longe do fogo que queima
a minha dignidade, a minha parca religião!
Com lampejos no ar e com um copo no céu,
eu canto as dores da minha terra e faço um escarcéu
pelas ruas caídas e caladas,
pelos becos sem saída, noite malvadas!
Ache-me que eu necessito de um salvador
ou alguém que me reconte coisas belas do amor!
Estarei sempre perto da Igreja
e nela farei meu ato de contrição
diante da eterna humana peleja!
Acho que me achar na sacada do oratório
pensando ser belo, ser anjo, ser simplório
o ato de voar diante dos céus de Juazeiro!
Acho que sigo voando na imaginação tola
e na minha presepada psicológica e louca
de viver nesta terra cercado de um vil devaneio!
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