sábado, 21 de agosto de 2010
Andarilho
Ele caminha pela estrada
que leva sua casa ao centro da cidade.
Ela caminha. Um jangada
no mar, encantadora simplicidade.
Eu até pensei em pará-lo certa vez,
mas meu medo não me permitiu.
Abraçar-me-ia,me sentiria desejado, talvez.
Mas isso nunca ao menos existiu.
E voilà que eu me tenho a pensar,
me tenho em choros de melancolia.
Por que você não pára e vem me beijar?
Por que tinha de fingir que sempre não me via?
Estes dias eu vi você passar por perto,
senti seu cheiro resvalando pelos ares,
mas você não pára. Sempre austero,
sempre como se fosse pai de muitos lares,
sempre ocupado com o que vai fazer,
sempre longe de si mesmo, perto do dever.
Este olhar de um alguém qualquer,
de um homem pensando na sua pura fé.
O que esconde você de si mesmo, o quê?
Este tempo eu vou amar o que aparecer,
tentando me livrar de sua lembrança,
e assim farei com toda minha perseverança.
Então eu encontrei você novamente.
Tudo nasce de novo e ninguém é mais inocente.
Ninguém é mais inocente...
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