Eu estou caminhando,
tentando tocar o céu,
no fundo eu sei que não vencerei,
mas ainda assim tentarei...
É no refúgio das almas tristes
que eu me consolo,
é na mata dos sem morada
que eu sempre me isolo.
Então o portão dos desejos,
o portão sem fechadura
se quebrou e nada mais
passará senão a noite escura,
que no fim ganhará...
Tão só me vejo dentro do espelho,
que nem sei se devo correr
ou tentar morrer em mim mesmo.
No fim do mês, vem sempre o mesmo cortejo,
pleno d'alegria ele vem, como se tudo fosse isso,
como se a vida fosse início,
e a morte nada, nada fosse morte porque tudo é
sempre a mesma coisa...
Eu não sei caminhar sobre o pêndulo,
eu não sei onde vou sem guia,
eu que tão antes tinha alegria,
agora nada me resta, tristeza sempre tendo.
E no refúgio dos heróis,
eu plantarei um planta doce e bela,
eu sagrarei a Primavera,
que o Tempo nunca destrói.
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