terça-feira, 24 de julho de 2012

Mergulhado Na 13 de Maio



Andando pela Avenida,
sozinho com os carros a passar,
olhando para os prédios e lugares,
eu vejo como eles ainda estão lá,
mas que a gente não pode mais estar.
E eu me reencontro com
as lembranças de cada um de nós
diante das confusões e alegrias
que escondiam que todos estamos a sós
diante da navalha do tempo, sempre atroz.

Nas praças ainda há uma mistura
do cheiro de cada um que ali passou.
Às vezes amigos e amores se tornam
estranhos, às vezes nada pode salvar o que mudou,
mas pelas esquinas da Treze algo de nós sobrou.
E eu me acho vivendo uma outra
vida: sem o amor que um dia mais amei,
sem as noites felizes pelos bares,
sem o amigo com que um dia tanto sonhei,
mergulhado na insanidade sã que eu criei.

Ele partiu e disse adeus...
E tudo mudou depois de novembro...
Existe algo que não será dito
e que não haverá outro motivo
para novamente andarmos juntos como reis
pela avenida que um dia nos uniu
e que agora cada um anda de seu jeito,
com parte dos amigos de antes,
com outros amigos e amores novos perfeitos...
Príncipes, sapos, anjinhos,
viúvas, noivas, hookers, bicos e lágrimas
passaram e me deixaram mergulhado aqui,
afundado nos momentos de despedida,
em todos os 88 e 55 que passaram
por meu rosto mergulhado na Avenida...

Um comentário:

  1. Choveu na Avenida 13 de maio.
    Teve gente que não saiu, com medo de se molhar.
    Outros observavam a chuva com alegria.
    E outros foram tomar banho de chuva e se lavaram com ela.

    A chuva na 13 de maio inundou o Benfica.
    E levou o lixo que entulhava nas coxias.
    No dia seguinte, a avenida acordou limpa.
    Porque as águas da chuva levaram tudo.

    E os meninos e meninas que chegaram no dia seguinte,
    Nada souberam da chuva na 13.
    Porque eles estavam em casa, dormindo.

    E também não repararam que havia uma mariposa perto dos batentes. As vezes, os meninos e as meninas não reparam.

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