Minha canção hoje sangra e eu não posso ver o sangue cair.
Hoje as pessoas andam tão cientes das coisas e mesmo
assim eu as vejo sempre fingir.
Minha mente hoje canta e eu não posso escrever os letras no papel,
pois esqueci como é tocar a caneta. Esqueci você -
ando algo perdido e nem sinto a real falta de alguém antes quase fiel.
É engraçado ver você de onde estou.
Engraçado ver como tão rápido tudo mudou
e que eu vejo você bem diferente,
mas eu continuo o mesmo, a mesma pessoa descrente.
E todas as coisas juradas entre olhares
e carícias de amigos se perderam pelos ares,
mas eu guardo um pouco de você ainda em mim:
- respondo rápido para não deixar você sozin'...
Naquele dia eu continuava tão certo e seguro do que eu era.
Hoje é sobre o passado que eu vejo as pessoas falarem,
é sobre o que passou de forma singela.
As tardes e noites de espera na bancada talvez foram em vão
e todo o esforço para sermos juntos foi tolo ao fim,
mas eu ainda olho de relance e sinto saudade de sua mão.
É tolo pensar que eu não sinta falta,
apenas sei que não sou mais sua pauta.
Ciente das coisas e calado sobre o assunto,
eu finjo não saber quem você é. Meu mundo
mudou tanto em tão poucos dias que eu me perdi
e agora eu quero ficar parado, sozinho, aqui.
Você foi meu melhor amigo e este "foi" não tornará.
Este "foi" no fundo de tudo, no escuro, eu vou guardar...
Minhas certezas de fatalidade da vida
me cegaram. Me tornei alguém sem expectativa,
sem esperanças: apenas dados de possibilidade,
apenas meros acasos da efemeridade.
Talvez eu tenha ficado cego e não possa mais ver futuro
em uma relação assim.
Talvez naquele dia tudo foi um recomeço diferente para cada
um, e neste recomeço tudo mudou em você e em mim.
Eu quero seguir aqui meu caminho calado
e vendo tudo de onde estou.
Eu quero deixar as coisas como estão
e não quero tornar ao que passou,
mas considere este um último e tenro adeus,
considere, reconsidere-se, veja com os olhos meus..
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