Inspirado por Damien Ribeiro Maia, companheiro de devaneios e imaginação.
Aqueles morangos...eles me fizeram dormir certeza! Assim pensou Analice quando deu o primeiro lampejo de consciência depois de um sono profundo e catatônico. Antes de abrir seus olhos, reparou que não sentia mais a claridade do dia perpassar a pele de suas pálpebras. Será que já é noite? Já anoiteceu, e eu ainda continuo aqui, neste canto que nem sei onde fica, nem como vim parar aqui! Sim. Era noite. Quando a menina abriu seus olhos percebeu algo que, não fosse a estranheza do que ocorrera até ali, seria uma das cenas mais lindas de toda sua vida: a cidade. Quem mora lá não percebe como ela é bonita vista de cima e à noite, à escuridão da noite. Analice ficou maravilhada com aquilo, teve sensação que ia cair lá do céu e se estabanar no chão da urbe, mas, de um modo que eu ainda não sei explicar e talvez nunca saiba, ela não caia. Em verdade, nem parecia que ela estava vendo aquilo tudo de quem estar por cima; sim, como se estivesse no canto que sempre esteve e que apenas os locais mudaram de posição. Analice não entendia muito bem aquilo e nem fazia questão de entender, já que pensava que era tudo isso um sonho, que logo voltaria para sua vidinha de sempre e que seu cabelo voltaria a ser castanho mais uma vez. Mas espera! O cabelo dela nem mais vermelho estava! Acho que a escuridão da noite deu um tom mais enegrecido para as franjas rubras da menina. Analice se levanta do chão de nuvens e olha fixamente para o céu estrelado de carros e de luzes de apartamentos e casas, mais uma vez ela pensa em sua mãe; no entanto, tal pensamento é logo retirado de sua cabeça por um acontecimento de todo o mais estranho da noite. Uma das muitas luzes que faziam parte da constelação de lampejos do teto de seu sonho se desprende e vem caindo vagarosamente em sua direção, vem cambaleando como um bêbado, vai tomando forma cada vez que se aproxima mais da menina Ana e vai...vai...ficando parecido com uma borboleta, uma borboleta azulada e cintilante. Analice toma um susto quando a borboleta azul-cintilante pousa em seu rosto. Era aquilo uma borboleta mesmo? Analice achou que sim. Confesso que eu também achei que fosse, mas me disseram depois que não era.
E no solo do céu um clarão bem ao longe se destacava por entre as nuvens que recobriam o tapete celeste, algo que muito depois Analice descobriu que era a Lua, que reparava curiosa para que ocorria com nossa doce protagonista.
Será que Analice não morreu? Pra mim, a coitada agora tá vagando pelo mundo como uma alma penada, mas uma alma sortuda que vê tudo tão belo ao seu redor como se fosse um estranho e infinito sonho.
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