Não me lembro quando eu a vi pela primeira vez, mas da janela do meu quarto sempre eu a via, sempre no mesmo lugar, sempre de preto, de um preto fúnebre e mortal. Ela ficava ali por um bom tempo, mas eu sempre a via ali.
Minha mãe dizia que era mentira minha, que não havia ninguém do outro lado da janela, ali, perto do poste. Mas eu a via! Eu a via, e lá havia alguém...Uma mulher. Um certo dia eu notei que era uma mulher, uma moça bem jovem pelo jeito. Eu tinha meus 15 anos. Era um rapaz besta e idiota de um todo. Minha mãe me chamava de reta, de retardado. Eu achava engraçado, mas também me sentia meio pra baixo. Não deve ser certo uma mãe ofender o filho, né. Pelo menos não vejo isso com meus colegas de classe. Ai aquela mulher! Eu só queria saber quem é ela. De onde ela deve vir? Hum...pela roupa, deve ser de fora do país.
Ela parou de me aparecer faz um tempo agora. Nunca mais eu a vi pelo poste da calçada. Passou o tempo, mas nunca mais eu a vi...Num dia, depois de dez anos, eu volto a minha casa já com meus 25 por aí. Minha mãe não mudou nada, está chata e encrenqueira do mesmo jeito de sempre. Dá é nojo! Subo a meu antigo quarto e vou até a janela. Está chovendo. Fazia tempo que não chovia por aqui, sabe, mas...o que é aquilo? Meu Deus, é ela? Valhei-me, Nosso Senhor! E ela está de vermelho agora! Eita pau!
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