Nenhum pensamento. No momento em que a borboleta pousou no rosto de Analice, os pensamentos da menina cessaram, não havia mais nada na sua cabeça. De repente, como se algo viesse de dentro para fora, num sentido perdido de explicação lógica, uma voz doce e solene ecoava por entre as paredes da mente de Analice. Uma voz. Que voz? Não sei de quem é, mas, vendo do ponto que estou, parece que era a voz daquela borboleta. Analice não achou estranho no momento; ela não tinha como fazer isso. Nada havia na sua mente; tão-somente aquela voz estranha, estrangeira das memórias da menina. As palavras eram ditas e não tinham um sentido inteligível, as palavras voavam pelo vazio do pensamento de Analice. O que será isso, meu Deus?! Depois de certo tempinho, as palavras começaram a se encaixar, a fazerem uma frase, depois um período, por fim, tinha-se uma mensagem, e era, de acordo com o que me foi contado, essa:
"Ana, Ana... Tu queres voltar para casa? Imagino que queiras. Só há um jeito de voltares: terás de me matar, a fim de que se tornes uma pessoa deste mundo... Este é o jeito de ser um de nós. Da destruição vem a criação, este é o ciclo... Se lá no Céu da Cidade, a morte vem depois da vida, aqui é a vida que segue a morte...Mata-me e renascerás como uma de nós..."
Analice acordou como se estivesse num profundo transe. A borboleta que repousava sobre seu rosto, planou pelo ar e caiu na sua mão. Analice a vislumbrou por um pequeno momento, depois, lembrando-se do que havia em sua mente há pouco tempo atrás, engoliu o inseto.
E agora? Nada aconteceu. Passou um tempinho, nada aconteceu! Ana estava com nojo do que fizera há pouco; no entanto, em verdade, ela não sentira nenhum gosto estranho, até era bom, dizia-se que aquela borboleta tinha gosto de maçã, de maçã bem madurinha. Opa! Algo acontece! De repente um vento forte! O que é isso? Um vento forte demais! Do Céu da Cidade veio um forte vento, como se uma tromba de vento viesse de cima para baixo! O vestido e os cabelos da menina esvoaçavam pelos ares. Que vento forte! Uma luz envolve Analice, uma luz muito intensa! Borboletas? Muitas borboletas estavam ali! Ela estava sentindo algo de diferente, algo de novo. Analice havia mudado mais uma vez! O que ela era agora? Não sei bem. Mas ela estava linda. Seus cabelos vermelhos ficaram estranhamente mais escuros, meio arroxeados, coisa do tipo.
O que ocorre com ela, Senhor? Analice depara-se com muitas borboletas ao seu redor, como se a achassem ser igual. Ao final, Ana se sentia nova, como se estivesse nascendo, tivesse acabado de nascer, tudo era novo de novo, e, na sua mente, uma paz e uma tranqüilidade reinavam solenes.
Disse-se que estava perto o fim da saga de Analice por tão estranha terra. Veremos se isso é verdade.
Cada vez mais eu acho que as imagens estão determinando o destino de Analice
ResponderExcluirO escritor escolheu Analice.
ResponderExcluirEla o escolheu também porque a ele, ela fala.
O Autor narra Fatos, as fotos os denuciam.
Estou curioso.
Quem é Analice?
Parabéns pelo Blog.