quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Das desventuras de um tolo homem - paixão e amor na terra da destruição


Pessoas e seres deste mundo pré-real, hoje é um dia interessante para mim. Depois de uma de minhas muitas semi-crises auto-destrutivas, eis me aqui mais uma vez para falar da morte da bezerra e da parição da vaca parida.
O que é a paixão, caros e repugnantes leitores? Bem...mal...
A paixão é algo louco, é algo destrutivo de si e de tudo que você ergue até então. Nosso corpo sucumbe a um estado de emergência onde os nervos de nosso corpo e as células de nossa alma cantam uníssono a marcha da morte, porque se apaixonar é morrer, aliás, é um suicídio: você se mata e espera ter a chance de renascer na pessoa a qual você se sacrifica, o que, no mais das vezes não toma tento em realidade. As paisagens emocionais desta aventura vão perdurar em sua mente até o dia que você se esquecer de quem você se apaixonou, para quem você se matou. A paixão é um quê de loucura aceitada, é uma procura louca por algo que o mundo material não pode oferecer, é uma morte e uma esperança de renascimento...Apenas uma esperança às vezes.
O lugar de seu amor reside no seu coração como um espaço etéreo, pleno de valores estimados, cheio de vazios interiores e de lixos emocionais. Você cai na rede da auto-destruição sem nem se preocupar com a neve que cobre seu corpo desfalecido.
O ser apaixonado é um piano, no qual temos uma enormidade de notas para se ouvir, uma variação incrível de sons audíveis e executáveis, mas o piano quer apenas tocar a mesma nota, o mesmo som...O nome do ente amado reverbera por entre as paredes ocas de nossas mentes. No fundo, você sabe que este tipo de aventura não valerá a pena, mas você deseja se enganar, você deseja ver aquilo que os poetas da morte contaram, o que as aves agoureiras revelaram, você deseja uma carne que pensa ser continuação da sua; mas os olhos dele não negam: seu sacrifício fora em vão.

Toda a procura tem no seu intuito um achado, toda morte tem em seu âmago a vida, pois só aquilo que vida possui está sujeito ao findar da morte. A paixão e a morte sempre foram gêmeas em seu intuito, em sua existência: a Morte nos retira da vida física do ser-vivente; a Paixão nos retira da vida psicológica do eu-vivente. No momento em que nós nos apaixonamos, tudo o que mais importa em nossas vidas é que o ser amado seja feliz, porque, ele o sendo, seremos por conseguinte. Este é o pacto da paixão, que leva a vida, o estar-consciente do eu-apaixonado e o projeta em outrem, numa morte ''virtual" do eu-apaixonado. Todos os seres humanos sentem paixão, talvez. Talvez todos sintam a loucura de estar apaixonado, mas poucos possuem tal emoção correspondida, o que gera um grande medo em que já passou pela rejeição, pela decepção de descobrir que você caiu no trama falha da vida, que, ao fim, você foi o único que morreu. Muitos debatem a contraposição do amor e da paixão, dizendo que o primeiro não possui o componente auto-destrutivo e tal, mas é de grande valia o sentir-apaixonado, já que é neste que reside uma enorme força modificadora.

Bem, a paixão é algo triste e belo ao mesmo tempo, é algo entre o céu e o inferno, é algo além do purgatório: é limbo da existência humana.

E o porquê de eu estar aqui falando disso?
Né...Hoje faz um ano que eu morri em vão, e, como num Dia de Finados intimista, eu relembro do Dëivide que morreu, que nunca eu verei mais, que jaz enterrado ao sabor dos ventos da noite...Relembrar que eu nunca mais me reconhecerei em mim mesmo, já que o meu antigo eu não é mais eu.



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