Uma vez me perguntaram o que era a Medicina pra mim( tão criativo quem pergunta isso prum estudante de Medicina, né), mas, tirando o clichecismo disso, eu me perguntei e não soube responder. BREUBA!
O que é a Medicina pra mim?
Sei lá...A Medicina é uma coisa muito louca! A gente estuda os conceitos básicos, filosóficos mas não entende bem o que é a Medicina, a entidade em si. Estudantes de medicina sempre têm clichês prontos, frase feitas e, geralmente, estão todos em comunidades orkutianas de uma hipocrisia severínica, como "Medicina por amor", "Eu amo o SUS", "Medicina com Humanização" etc e tal. Mas, convivendo com eles e comigo mesmo, percebo que esse ideal é tão distante, por vezes, em detrimento do que se deveria supor, impossível de ser atingido. A formação médica no Brasil é muito precária, muito desregrada e muito injusta!
Sendo o SUS o campo de prioridade para a atuação profissional de nós, médicos e médicos em formação, nós deveríamos entender, na prática, como ele funciona; o que não ocorre. Nosso professores não usam o SUS; nossos coordenadores não usam o SUS; nós não usamos o SUS!
Anos e anos de estudo teórico com um pífia fundamentação prática, digo uma vivência. Ao meu ver, este tipo de incoerência no sistema gera grandes problemas para a sociedade SUSiana, já que nós, médicos e médicos em formação, temos uma capacidade segregatória muito grande: podemos segregar até nossos sentimentos, diferenciando a res publica da res privada, o que explica a instantânea educação que temos com clientes e o esnobe descaso para com nossos pacientes. Esta iatrogenia perdura e perdura, mesmo que tentemos fingir que não, ela é latente e vez por outra estampa os jornais poliacelescos da Cidade de Fortaleza, Ceará Grande de Meu Deus.
Claro que este estado decadente não abrange todos os profissionais médicos. Há ainda a resistência, os que lutam pela mudança, que nos passam isso constantemente, mas são poucos os bons no meio de um oceano de errados. Percebe-se entrando num hospital público periférico da periferia periférica aqui da cidade, onde vemos um estado pré-apocalíptico, faltando só o Capeta pra fechar o cerco ou circo dos horrores. A culpa não é dos médicos apenas, decerto; no entanto, o despreparo da maioria deles é um fator importante para a deformação do que seria um serviço médico adequado.
É coisado! É coisado!
Como diria L.K.Briseude:
"Ars medica, ars decrepta em tempos que vendemos nossas almas para poder comer o que os compradores querem que comamos, para viver a vida que querem que tenhamos, para que morrer em ouros possamos."
Pesado, né!
Mas existem médicos bons, apesar dos pesares, apesar das particulares(vaila...que comentário feio...hsuhauhauhaa).
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