domingo, 14 de fevereiro de 2010

Sonata para um amor eterno ou a doce vida de Senhorito Joaquim

Senhoras
e senhores
desta terra de por aqui,
desta vila encantada,
que vive em mim, e na qual vivi.

Eu era um triste rapaz
de poucos ânimos em vida,
de poucas alegrias, eu digo sempre.
Mas desejava viver pra sempre, como
se possível fosse não morrer, virar semente.

Um dia eu pensei em pular de um prédio,
pensei em usar cordas talvez,
mas tudo me causava medo, não de morrer,
mas de sentir dor, sabe.
No fundo eu pensava em pra sempre viver.

Ser eternamente jovem como uma pedra preciosa,
guardar em si a gema de uma vida feliz
e sem limitações, sem limites para atravessar.
Um tolo devaneio de amor eterno,
uma passagem que não se lembra mais como amar.

Senhoras
e senhores
destas terras de onde eu vim,
de onde tudo era belo e
passageiro e tinha por sina o fim.

Senhoras
e senhores...

Auroras
e mortais flores...

Flores da morte.
Flores de almofadas.
Flores, flores na sacada
da minha casa, da minha tola casa...

Meu amor eterno não floresceu,
minhas rosas douradas acabaram ontem.
Minha rosa dos ventos amanhã morreu...

Amanhã morreu,
Hoje morrera,
ontem morrerá...
Tempo e espaço nos portões d'Alcalá...
-girando, girando, girando num sopro de vida...
num sopro...
de vida um sopro...

Que amanhã não mais deve soprar...

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